JORNAL DA MADEIRA
Ocorrências • Habitação
ÚLTIMA HORA FUNCHAL HABITAÇÃO

Moradores Exigem Fim do Alojamento Local no Edificio Varandas

Condomínios do Funchal em revolta: Assembleia extraordinária aprova por larga maioria proibição total de novas licenças de alojamento local. Moradores queixam-se de ruído, sobrelotação e desvalorização dos imóveis.

15 Janeiro 2025
15h30
Redacção JM

Resumo da Ocorrência

Tipo: Conflito habitacional
Local: Edificio Varandas, Funchal
Envolvidos: 60 condóminos, 24 unidades AL
Estado: Assembleia realizada

EXCLUSIVO JM

FUNCHAL, 15h30 - Uma assembleia de condomínio extraordinária realizada ontem à noite no prestigiado Edificio Varandas terminou com a aprovação unânime da proibição de novos registos de alojamento local. Os moradores, fartos do "inferno diário" causado pelos turistas, ameaçam avançar para tribunal se os proprietários não cumprirem.

3.847 visualizações nas últimas 2 horas
loft brick skyscraper modern building old school architecture style design external outdoor exterior facade foreshortening from below with empty blue sky background space
Edificio Varandas no centro da polémica
O edifício de luxo no Funchal onde 40% das 60 unidades foram convertidas em alojamento local, gerando conflitos com os moradores permanentes. A assembleia de ontem aprovou medidas drásticas contra novos registos AL.
📷 Redacção JM • Arquivo • 15/01/2025

Partilhar Notícia

3.8K
Visualizações
247
Partilhas
89
Comentários

FUNCHAL - Os moradores do Edificio Varandas, localizado numa das zonas mais valorizadas do Funchal, aprovaram por unanimidade, em assembleia extraordinária realizada na terça-feira à noite, a proibição de novos registos de alojamento local no edifício.

A decisão surge depois de meses de queixas relacionadas com ruído excessivo, sobrelotação das áreas comuns e comportamentos inadequados por parte dos hóspedes das 24 unidades de alojamento local que funcionam no prédio de 60 apartamentos.

"Não aguentamos mais. Isto tornou-se um hotel sem regras", disse Ana Sousa, moradora há oito anos, à saída da assembleia que durou mais de três horas.

Situação insustentável leva moradores ao limite

Segundo apurou o JM, o conflito no Edificio Varandas intensificou-se nos últimos meses, particularmente durante a época alta do Verão, quando o número de hóspedes aumentou significativamente.

"Há apartamentos que recebem grupos de 8 a 10 pessoas. Fazem barulho até às 3h da manhã, deixam lixo nos corredores e usam a piscina como se fosse uma discoteca", queixa-se João Silva, proprietário de um apartamento no 4º andar.

O que dizem os moradores

"Os meus filhos já não conseguem estudar em casa. O barulho é constante. Estamos a pensar mudar-nos."

— Maria Costa, mãe de dois filhos, 3º andar

"A piscina está sempre ocupada por turistas. Já nem vamos lá. Pagamos condomínio para quê?"

— Carlos Mendes, reformado, 2º andar

O administrador do condomínio, contactado pelo JM, confirmou que recebeu "dezenas de queixas formais" nos últimos seis meses, principalmente relacionadas com perturbação do sossego e uso abusivo das instalações comuns.

Assembleia aprova medidas drásticas

A assembleia extraordinária, convocada a pedido de mais de metade dos condóminos, contou com a participação de 45 dos 60 proprietários, representando 75% das fracções.

Decisões aprovadas:

  • Proibição total de novos registos de alojamento local
  • Regulamento mais rígido para unidades existentes
  • Horários restritivos para uso da piscina
  • Multas até €500 por infrações
  • Vigilância reforçada nos espaços comuns
  • Processo judicial se necessário

Votação: 42 votos a favor, 2 contra e 1 abstenção. A maioria qualificada de dois terços foi largamente ultrapassada.

Operadores de alojamento local contestam decisões

Contactados pelo JM, vários proprietários de unidades de alojamento local mostraram-se surpreendidos com a decisão e prometem contestá-la judicialmente.

"Temos licenças válidas emitidas pela Câmara Municipal. Não podem simplesmente proibir uma atividade legal. Vamos recorrer aos tribunais."

— Fonte ligada aos operadores de AL (sob anonimato)

Segundo a mesma fonte, os proprietários de alojamento local investiram "milhares de euros" na adaptação dos apartamentos e consideram a decisão do condomínio "ilegal e abusiva".

Conflito reflecte crise habitacional na Madeira

O caso do Edificio Varandas não é isolado. Segundo dados da Câmara Municipal do Funchal, existem actualmente mais de 3.200 unidades de alojamento local registadas na cidade, sendo que 78% estão localizadas em edifícios de habitação multifamiliar.

Números do conflito (2023-2025)

+340%
Queixas formais
127
Edifícios afectados
23%
Regulamentos alterados
€4.2M
Desvalorização estimada

Helena Soares, economista especializada em turismo, considera que "era inevitável chegar a este ponto". "O crescimento descontrolado do alojamento local criou uma bolha que agora está a rebentar", explicou ao JM.

Próximos desenvolvimentos

O administrador do Edificio Varandas confirmou que as novas regras entram em vigor "imediatamente" e que já foram notificados todos os proprietários de unidades de alojamento local.

Medidas imediatas

  • • Instalação de câmaras de videovigilância
  • • Reforço da segurança nocturna
  • • Novos horários para piscina (9h-22h)
  • • Limite de ocupação por apartamento

Próximas semanas

  • • Possível recurso judicial dos operadores
  • • Reunião com a Câmara Municipal
  • • Revisão do regulamento interno
  • • Avaliação das primeiras multas

O JM continuará a acompanhar este caso e os seus desenvolvimentos nas próximas semanas.

Tem mais informações sobre este caso?

A redacção do JM continua a investigar este caso. Se tem informações adicionais ou quer partilhar a sua experiência, contacte-nos.